quarta-feira, 30 de abril de 2014

"Filhos do golpe" lança novos depoimentos

ASSISTA .
Em seu depoimento Felipe narra episódios da infância escolar do filho de um desaparecido, as dores de um jovem que teve terapia paga pela Organização das Nações Unidas (ONU), e de um adulto que preside a Ordem dos Advogados do Rio e que todas as vezes que escuta o hino nacional chora, lembrando do pai.






Fonte: Diário de PE
Especial online tem boa repercussão e reabre gravações com filhos da ditadura militar

Publicação: 30/04/2014 03:00
Lutgardes Freire, Anatólio Julião, Flávio Régis e Victor Soares também fizeram confidências em vídeos-depoimentos para o webdocumentário
Lutgardes Freire, Anatólio Julião, Flávio Régis e Victor Soares também fizeram confidências em vídeos-depoimentos para o webdocumentário "Filhos do golpe"

Dois novos vídeos com depoimentos de filhos de perseguidos políticos da ditadura militar estão disponíveis a partir de hoje no webdocumentário Filhos do golpe, publicado pelo Diario de Pernambuco (diariode.pe/1964). Os testemunhos são de: Felipe Santa Cruz, atual presidente da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro e filho do ex-militante de esquerda Fernando Santa Cruz, desaparecido símbolo da articulação estudantil. E Paulo Max, médico e filho da professora Maria Celeste Bastos, uma das primeiras torturadas do Brasil, nas primeiras 24 horas do comando militar.

As gravações marcam uma nova fase do projeto Filhos do golpe. A partir de hoje, o leitor / internauta poderá sugerir nomes de filhos que possam ser entrevistados para contar como conviveram com as histórias dos seus pais.

As sugestões podem ser feitas na página do Diario de Pernambuco no Facebook ou pelos e-mails silviabessa.pe@dabr.com.br e julianacolares.pe@dabr.com.br. As repórteres especiais Silvia Bessa e Juliana Colares são autoras do webdocumentário. O Filhos do golpe tem edição de arte, motion design e finalização de Jaíne Cintra e desenvolvimento em web de Bosco. O especial tem conteúdo autônomo e faz parte de um projeto maior que envolveu todos os veículos dos Diários Associados. O projeto foi produzido para marcar os 50 anos do golpe militar no Brasil (Veja abaixo os produtos e quem os fez).

Felipe falou sobre as dores da ausência do pai, Fernando Santa Cruz, desaparecido até hoje (ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS)
Felipe falou sobre as dores da ausência do pai, Fernando Santa Cruz, desaparecido até hoje

Os dois novos testemunhos são fruto da repercussão do webdocumentário. O advogado Felipe Santa Cruz, que reside no Rio, foi procurado para conceder entrevista inúmeras vezes e relutou. Após a divulgação dos dez primeiros depoimentos veiculados desde o dia 23 de março, quando o Filhos do golpe foi lançado, o presidente da OAB do Rio disponibilizou-se a dar entrevista. Nela, Felipe narra episódios da infância escolar do filho de um desaparecido, as dores de um jovem que teve terapia paga pela Organização das Nações Unidas (ONU), e de um adulto que preside a Ordem dos Advogados do Rio e que todas as vezes que escuta o hino nacional chora, lembrando do pai.

O médico Paulo Max foi uma sugestão do leitor e professor João Passos Júnior. Paulo conta, no seu relato em vídeo, o que viu no dia da prisão da mãe, nas primeiras 24 horas após o golpe, e fala sobre suas sensações ao ver Celeste torturada.

Com Felipe Santa Cruz e Paulo Max somam-se doze depoimentos. Foram ouvidos filhos de perseguidos políticos, de civis e de um militar. Entre os primeiros ouvidos no webdocumentário estão Lutgardes Freire (filho do educador Paulo Freire), Luiz Arraes (filho do ex-governador Miguel Arraes), Anatólio Julião (filho do ex-líder das Ligas Camponesas, Francisco Julião) e Flávio Régis (filho do jornalista e ex-secretário do estado Édson Régis de Carvalho, morto no atentado a bomba no Aeroporto dos Guararapes).

Paulo Max relata como foi ver a mãe, Celeste, uma das primeiras presas do golpe militar no Brasil, com indícios de torturas (ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS)
Paulo Max relata como foi ver a mãe, Celeste, uma das primeiras presas do golpe militar no Brasil, com indícios de torturas

Saiba mais

Marcas do Golpe

O quê 
Caderno especial publicado no jornal Diario de Pernambuco que mostra as marcas deixadas pelos 21 anos de ditadura no Brasil. Por meio de depoimentos de testemunhas, entrevistas com especialistas e vasta pesquisa documental, revisita o passado e traz histórias inéditas. Foi publicado em 31 de março, dia do aniversário de 50 anos do golpe.

Quem fez
A coordenação editorial é de Paulo Goethe, com edição de Suetoni Souto Maior. Os textos são assinados pelos jornalistas Suetoni Souto Maior, Andrea Pinheiro, André Duarte, Tércio Amaral, Luiza Maia, Jailson da Paz e Vandeck Santiago. A edição de arte e o design são de Christiano Mascaro; a edição de fotografia é de Heitor Cunha e de Gil Vicente; a ilustração da capa, de Greg; e as infografias de Laerte Silvino.

Memórias do Golpe: 50 anos - Arquivo Pernambuco

O quê
Série de reportagens veiculadas na TV Clube / Record entre os dias 31 de março e 4 de abril, nos telejornais PE no Ar e Jornal da Clube. Com foco em Pernambuco, o especial reconta o momento do golpe, revisita locais que tiveram destaque no período de exceção e traz entrevistas com testemunhas daquele momento conturbado da história.

Quem fez
A reportagem e a edição são assinadas por Ciro Guimarães. A produção foi feita por Juliana Galvão. As imagens são de Jackson Gomes e André Eikon. A edição de imagens ficou a cargo de Edson Júnior. 

Filhos do Golpe

O quê
Webdocumentário que reúne depoimentos de filhos de presos políticos, desaparecidos, militantes da esquerda e governantes, além de um civil e de um militar. As entrevistas foram gravadas no Recife, Rio e em São Paulo. Acesso pelo diariode.pe/1964

Quem fez
O especial é de autoria das repórteres Silvia Bessa e Juliana Colares, que respondem pela reportagem, edição dos vídeos e texto. Jaíne Cintra assina a edição de multimídia e a arte-finalização. As imagens são da repórter fotográfica Annaclarice Almeida e dos jornalistas Eduardo Travassos, Juliana Colares e Rafael Marinho. A edição de imagens foi de Eduardo Travassos, Gabriela Travaglia, Roberta Cardoso e Rafael Marinho. As fotos são de Annaclarice Almeida. O design e o desenvolvimento são de Bosco. A produção de arte é de Gabriela Travaglia.

Debate sobre os 50 anos do golpe na Rádio Globo AM

O quê
No dia do aniversário de 50 anos do golpe, a Radio Globo AM, parceira dos Diários Associados, estreou o programa Globo Recife em Pauta com um debate sobre a ditadura militar com uma hora de duração.

Quem fez
O debate foi mediado pelo apresentador do programa e gerente de jornalismo da Rádio Globo, Flávio Adriano, e contou com a participação de Vandeck Santiago, repórter especial do Diario, e de Suetoni Souto Maior, editor de Política.

Para discutir o assunto, foram convidados Túlio Velho Barreto, cientista político da Fundação Joaquim Nabuco, e Fernando Coelho, ex-deputado federal e presidente da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara.

A coragem da alegria


No Rio de Janeiro, Darcy dedica-se a editar seus romances
Darcy, em um de seus grandes momentos

Com direção de Ana Maria Magalhães, a série O Brasil de Darcy Ribeiro mostra as diversas facetas dessa personalidade histórica, em cinco episódios de 52 minutos de duração. O programa desvenda como o menino destinado a ser um fazendeiro, em Minas Gerais, acabou se tornando um dos principais atores da construção da identidade nacional, com suas múltiplas atuações, seja como antropólogo, educador ou político, abordando, também, seu período de exílio na América Latina. A narrativa é construída a partir de materiais de arquivo histórico e político, principalmente com entrevistas que o próprio Darcy concedeu, ao longo da vida, além de depoimentos inéditos de antropólogos, educadores, políticos, amigos e colaboradores.

Ferreira Gular, umas das personalidades que fala sobre Darcy...Ferreira Gular, umas das personalidades que fala sobre Darcy...... assim como o historiador Joel Rufino dos Santos... assim como o historiador Joel Rufino dos SantosNeste último episódio, estabelecido no Rio de Janeiro, Darcy dedica-se a editar seus romances, entre eles Maíra. Com a anistia é reintegrado à universidade, mas sofre a rejeição do meio acadêmico. Brizola volta do exílio e Darcy integra-se ao seu projeto político. Como vice-governador e secretário de Cultura, cria o programa de educação pública integral e constrói centenas de Cieps. Eleito senador, e debilitado por outro câncer, relata a Lei de Diretrizes e Bases. Luta heroicamente pela vida e publica O povo brasileiro. Suas reflexões consagram-no como um dos grandes intérpretes do Brasil.
Direção: Ana Maria Magalhães
Produção: Diogo Dahl

FELIZ DIA DO TRABALHADOR!

segunda-feira, 28 de abril de 2014

ASSASSINATO DO CEL TORTURADOR PAULO MALHÃES



Não me alegro com a morte de nenhuma pessoa, nem mesmo de um torturador covarde e sanguinário como foi em vida o coronel Paulo Malhães. Quem sabe, não tenha sido ele o responsável pelo assassinato do meu irmão Fernando Santa Cruz?.
O meu sentimento seria que o mesmo vivesse o suficiente para que os seus crimes fossem apurados e julgados nos termos da lei, por um tribunal justo e imparcial.
Faço votos que seja apurado e esclarecido o seu assassinato, inclusive para o conforto dos seus familiares. No entanto, é importante chamar a atenção para a grande e impagável conta que o mesmo tinha perante a justiça pelos assassinatos cometidos sob impiedosas torturas. Resta a esperança de que tenha com sua morte, escapado do julgamento da justiça terrena, mas nesta oportunidade está sendo submetido ao julgamento divino, deste ninguém escapa.
Finalmente, observo o fim trágico e surpreendente das mortes ocorridas com muitos dos torturadores e violadores dos direitos humanos: Sérgio Paranhos Fleury (o mais perverso torturador), Coronel Júlio Miguel Molina Dias (comandante do Doi-Codi do Rio de Janeiro), e agora o mais recente coronel torturador Paulo Malhães, fazendo crer tratar-se de queima de arquivo, motivo pelo qual faz-se necessário que esse assassinato seja apurado com todo o rigor.

Olinda, 25 de abril de 2014.
MARCELO SANTA CRUZ
Militante dos Direitos Humanos
Vereador PT/Olinda.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Comissão Nacional da Verdade vai ao Chile apurar cooperação entre ditaduras



Escrito por: Comissão Nacional da Verdade

Fonte: CUT

Delegação chefiada pelo professor Paulo Sérgio Pinheiro, coordenador do grupo de trabalho "Violações de Direitos Humanos de brasileiros no exterior e de estrangeiros no Brasil", da Comissão Nacional da Verdade, começou na segunda (21/04) a percorrer o Chile, em missão oficial.
Até sexta-feira (25/04), a missao da CNV percorrerá arquivos e instituições chilenas de defesa dos Direitos Humanos e serão recebidas por autoridades locais.
Na década de 70 chegou a 80 o número de brasileiros que foram presos no Estádio Nacional, em Santiago, logo que a ditadura do general Pinochet assumiu o poder. A colaboração entre a repressão política brasileira e chilena começa no dia do golpe e depoimentos prestados ao Senado e à CNV, e documentos, apontam que militares brasileiros cooperaram com os chilenos e torturaram presos no país vizinho. (Saiba mais aqui: http://www.cnv.gov.br/index.php/outros-destaques/470-militares-e-policiais-brasileiros-torturaram-presos-no-estadio-nacional-do-chile).
Nesta quinta, o grupo será recebido pelo embaixador brasileiro no Chile, Georges Lamazière. Mais tarde, o grupo reúne com a juíza chilena Lorena Fries. Na sexta-feira, a comitiva vai ao Londres 38, um centro de memória que, no auge da repressão chilena, foi local de mortes, torturas e desaparecimentos.
Equipes da CNV, além do Chile, já visitaram a Argentina, o Uruguai e o Paraguai em busca de informações e documentos para os trabalhos de investigaçao da Comissão.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Especial 50 anos do golpe

Carta Capital

Clandestinos e revolucionários

Como era vida daqueles que militavam contra a ditadura? Quais foram os efeitos daquele período? Por Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes
por Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes — publicado 10/04/2014 04:52

A clandestinidade política foi a alternativa que muitos militantes de esquerda encontraram para continuar no país, combatendo a ditadura civil militar entre 1964 e 1979. Todas as organizações políticas colocadas na ilegalidade tiveram muitos de seus militantes presos, torturados e assassinados. Muitos foram banidos, muitos se exilaram. Mais de uma centena de brasileiros continua desaparecida. Um contingente significativo permaneceu dentro do Brasil.
Seu objetivo: combater os ditadores, resistir em luta contra os avanços de um governo discricionário e fascista, denunciar as violências cometidas, chegar mais perto do coração da ditadura e feri-la de morte. Tornaram-se clandestinos, nos nomes, nos rostos e em sua documentação pessoal. Deixaram suas escolas, universidades, profissões e ofícios. Deixaram suas casas, seus bens, suas roupas.
Formaram a coluna vertebral de resistência à ditadura. Reuniram-se febrilmente, fizeram planos estratégicos e de ação. Brigaram entre si e abraçaram-se como nunca. Cada despedida talvez fosse a última. O amanhã era absolutamente hipotético. A certeza do futuro terminava a cada pôr-do-sol. Tinham sido alijados das fileiras dos cidadãos brasileiros, cassados como profissionais, jubilados como estudantes, demitidos sem explicação, perseguidos na fábrica e com os contratos de trabalho suspensos ou encerrados. Foram incorporando ao seu jeito, o anonimato. Jovens mulheres precocemente taciturnas, sonhos de vida familiar adiados, sonhos de maternidade interrompidos. Nenhuma certeza de construir com tranquilidade um futuro.
As restrições impostas pelas sucessivas Juntas Militares a partir de abril de 1964 foram diminuindo o espaço de atuação política legal. Partidos políticos dissolvidos, organizações políticas declaradas ilegais, sindicatos, universidades, associações de classe e entidades estudantis fechadas e invadidas. Restou à militância sair do país ou permanecer nele; tinham poucas alternativas se quisessem continuar a ser militantes políticos organizados dentro do país. Neste aspecto, a escolha da clandestinidade era uma questão de sobrevivência, decorrente da condição de perseguido e considerado inimigo pelas forças que assaltaram o poder. A outra alternativa seria sair do país, exilar-se ou desistir da militância. Para alguns havia a hipótese de permanecer na legalidade em seu local de trabalho, no seu sindicato, na cidade ou no campo, desde que pudessem manter preservada a condição de militante não localizado pela repressão.

quarta-feira, 9 de abril de 2014



Marcelo Santa Cruz recebeu na tarde de ontem- 08.04, o apoio de Samir Abou Hana, em entrevista no seu Programa - TV Nova Nordeste, para a pré-candidatura do petista a Deputado Estadual. Segundo Samir, Marcelo Santa Cruz deve ser o representante majoritário de Olinda. "Você tem meu total apoio e quem conhece seu trabalho e dedicação nas questões sociais e de direitos humanos, seja de direita ou de esquerda, deve a você esse reconhecimento", reforçou o Secretário da Cidade.
Em tempo, a pré-candidatura do vereador tem recebido forte apoio e ganhado cada vez mais força.

MEMÓRIA POLÍTICA


Saúde na Comissão da Verdade

Iniciativa visa resgatar a memória dos profissionais de saúde que tiveram os direitos violados durante a ditadura

Publicado em 09/04/2014, às 06h50

Beatriz Albuquerque

Profissionais de saúde que tiveram os seus direitos violados durante a ditadura militar, em Pernambuco, foram contemplados ontem com a implantação de um núcleo da Comissão da Verdade da Reforma Sanitária (CVRS). A iniciativa busca resgatar a memória dessa classe profissional e apurar quem foram os médicos responsáveis pela emissão de laudos forjados e auxílio aos militares durante sessões de tortura. A representação no Estado funcionará no departamento de saúde coletiva da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A CVRS é uma iniciativa lançada pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e pelo Centro de Estudos Brasileiros em Saúde (Cebes). O núcleo pernambucano é o terceiro a entrar em funcionamento no Brasil e, assim como os de São Paulo e do Rio de Janeiro, realizará as atividades por tempo ilimitado. Outras duas estruturas, Brasília e Bahia, serão anunciadas ainda neste semestre.