segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Dermi Azevedo - Nota de pesar


Reportagem da revista "IstoÉ" sobre Carlos Alexandre, filho de militantes de esquerda, que foi preso e torturado quando era bebê. 


Toda a minha solidariedade ao amigo Dermi Azevedo, companheiro do Movimento Nacional dos Direitos Humanos e a todos os seus familiares e amigos, já tinhamos conhecimento das atrocidades que o seu filho havia sido submetido na época da ditadura que o Brasil foi infelicitado por tanto tempo, inclusive através de suas corajosas e verdadeiras denúncias. Esses crimes não podem ficar impunes. Temos conhecimento de outros casos semelhantes ao vivido pelo seu querido filho.

Muitos foram obrigados a fazer essa dolorosa opção, única forma encontrada para se libertarem de seus torturadores, os casos mais conhecidos são Frei Tito de Alencar, Maria Auxiliadora Lara Barcelos, aqui em Recife, Pernambuco, meu amigo, líder estudantil nos anos 1960, FORTUNA MELO, irmão do nosso querido poeta, ex-preso político Marcelo Mário de Melo. A relação é enorme, precisa ser investigada pela Comissão da Verdade, sem esquecer de identificar e apoiar psicológicamente aqueles que estão vivos, porém desestruturados, convivendo até quando com os traumas da tortura? Até quando?

Marcelo Santa Cruz




Segue abaixo a carta de Dermi em que esse relata o suicidio de seu filho Carlos Alexandre Azevedo, vitima de torturas na época da ditadura

Aos meus amigos e às minhas amigas, 

LUTO Meu coração sangra de dor. O meu filho mais velho, Carlos Alexandre Azevedo, suicidou-se na madrugada de hoje, com uma overdose de medicamentos. Com apenas um ano e oito meses de vida, ele foi preso e torturado, em 14 de janeiro de 1974, no DEOPS paulista, pela "equipe" do delegado Sérgio Fleury, onde se encontrava preso com sua mãe. Na mesma data, eu já estava preso no mesmo local. Cacá, como carinhosamente o chamávamos, foi levado depois a São Bernardo do Campo, onde, em plena madrugada, os policiais derrubaram a porta e o jogaram no chão, tendo machucado a cabeça. Nunca mais se recuperou. Como acontece com os crimes da ditadura de 1964/1985, o crime ficou impune. O suicídio é o limite de sua angústia.
Conclamo a todos e a todas as pessoas que orem por ele, por sua mãe Darcy e por seus irmãos Daniel, Estevão e Joana, para que a sua/nossa dor seja aliviada.
Tenho certeza de que Cacá encontra-se no paraíso, onde foi acolhido por Deus. O Senhor já deve ter-lhe confiado a tarefa de consertar alguns computadores do escritório do céu e certamente o agradecerá pela qualidade do serviço. Meu filhinho, você sofreu muito. Só Deus pode copiosamente banhar-te com a água purificadora da vida eterna.
Seu pai
Dermi Azevedo


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