sábado, 6 de julho de 2013

O grito rouco das ruas




Pronunciamento do Vereador Marcelo Santa Cruz, na sessão legislativa da Câmara Municipal de Olinda, dia 02 de julho de 2013.

Senhores Vereadores e Vereadoras, meus amigos e minhas amigas:

Gostaria de fazer uma reflexão do momento histórico que estarmos vivendo.

Inicio esta minha fala, dizendo: precisamos ouvir atentamente o grito rouco que vem das ruas. Mas, por uma questão de justiça, não podemos deixar de fazer uma constatação: os movimentos sociais e os militantes dos partidos políticos integrantes do campo progressista sempre estiveram presentes nas ruas, praças, favelas, nos assentamentos rurais, nas conferências realizadas por esse Brasil afora e nestas mobilizações incluo minha participação. Lembro que fomos nós que formamos a resistência à ditadura, colocando generosamente os anos de nossa juventude, a nossa segurança e até mesmo a própria vida, como muitos o fizeram, tendo em vista que com suas mortes estão impossibilitados de viverem o atual momento histórico. Desfraldamos a bandeira da anistia ampla, geral e irrestrita, e nas manifestações das Diretas Já propugnamos pela livre manifestação de pensamento, expressão e reunião, cultivamos a semente da democracia e dos direitos humanos, contemplados na constituição de 1988, proposta do movimento constituinte popular. Mais adiante, nos reencontramos no Fora Collor, somando-se com as novas gerações que despontaram após ditadura, os chamados Caras Pintadas. Posteriormente, sem grande alarde, continuamos perfilados nas trincheiras de lutas, muitas vezes em condições adversas e sem o apoio popular e dos meios de comunicações, refiro-me as mobilizações dos trabalhadores Sem Terra-(MST) por uma reforma agrária e pelo fortalecimento da economia familiar, contra o latifúndio e as empresas multinacionais, o agronegócio, na luta pela demarcação das terras indígenas, quilombola, na defesa dos Trabalhadores Sem Teto por uma verdadeira Reforma Urbana, que garanta a população habitação, saneamento, saúde e educação de qualidade, propiciando o respeito aos direitos como prioridade absoluta às crianças e adolescentes. Enfim, a nossa luta é por desenvolvimento social e econômico que tenha a pessoa humana como foco e o respeito ao meio ambiente sustentável, condição essencial para uma sociedade inclusiva ,fraterna e igualitária. Outra bandeira que precisa ser ostentada bem alta para o fortalecimentodo estado democrático de direito, é a da Memória Verdade e Justiça e o esclarecimento e identificação dos responsáveis pelos desaparecimentos políticos forçados.

Nesta oportunidade, ressaltamos que são inegociáveis os avanços obtidos nos governos progressista tanto a nível Federal, Estaduais e Municipais, ocorridos nos últimos anos, cuja a responsabilidade política é atribuída aos partidos e políticos que integram as forças progressistas, escolhidos, apoiados e pressionados pelos movimentos sociais formados pelos trabalhadores do campo e da cidade.

É interessante observar as palavras de ordem que se espalham nos cartazes das recentes manifestações, a ausência do FORA O FMI, Não à ALCA e por mais emprego, palavras de ordem que pautavam obrigatoriamente as mobilizações nos anos 90. 

Estive presente nas manifestações, destacam-se nos cartazes a indignação por mais saúde e educação de qualidade, a questão de mobilidade urbana, inclusive o movimento Passe Livre, que iniciou essa luta pela melhoria do Transporte Coletivo. Outra bandeira, esta talvez, seja recorrente em todo o país, é contra a onda moralista, provocada pela condução política imposta a Comissão de Direitos Humanos e Minorias de Câmara Federal, através do deputado Marco Feliciano, a qual tem afrontado o estado laico, com sua fé religiosa, representado no denominado Projeto Cura Gay, o Estatuto do Nascituro, conhecido como bolsa estupro e nas manifestações contra a União Homoafetiva. Há ainda, uma outra bandeira contra a corrupção, que precisa ser ampliada e direcionada também para os empresários,banqueiros e industriais, que fazem empréstimos e financiamentos e não honram os seus pagamentos, a evasão de recursos públicos advindos da sonegação fiscal e a identificação de quem realmente se beneficiam com a corrupção neste País. 

É necessário que se coloque com mais expressão, a bandeira da democratização dos meios de comunicações e as reivindicações históricas da classe trabalhadora, representadas pela jornada de trabalho de 40 horas semanais, contra o fator previdenciário e qualificar melhor a assistência social e em especial aos aposentados.

Dito isto, a analise que fazemos das manifestações são legitimas, verdadeiras, despertam a cidadania que parecia adormecida, acalentada pelas políticas assistenciais e complementares do governo federal, que tem promovido melhores condições de vida para os pobres que recebem a bolsa família, aqueles que são beneficiados pelo Programa Minha Casa Minha Vida e os que ingressam nas universidades através do pró-uni. Espero que o povo continue mobilizado na construção de um país mais justo, fraterno e menos desigual. Continuaremos empunhando nossas bandeiras, a diferença é que agora estamos acompanhados com o grito rouco das ruas. Queremos Reforma Agrária sem adjetivo, Reforma Urbana Verdadeira, que promova a mobilidade, a habitação, saneamento educação e saúde de qualidades e inclusiva, a demarcação das terras indígenas e quilombolas, por um estado laico, democrático e participativo, enfim precisamos reescrever a história de nosso país, preservando a memória, fiel a verdade e fazendo justiça, este é o tributo que fazemos a todos aqueles que foram assassinados em defesa da democracia e da liberdade. Vamos estar juntos com o povo nas ruas pois as conquistas obtidas são inegociáveis.Desta forma, reconheço que precisamos avançar muito mais, ressaltando o compromisso de fazer a reforma política para que possamos escolher melhor nossos representantes e fortalecer a democracia participativa. 

Olinda, 02 de Julho de 2013
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Marcelo Santa Cruz
Vereador-PT/OlindaMarcelo Santa Cruz

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