JC - 020612
MEMÓRIA Comissão da Verdade estadual é empossada no Palácio, com um símbolo da luta dos familiares de desaparecidos políticos
Sérgio Montenegro Filho smontenegrofilho@gmail.com
Um clima de muita emoção marcou, ontem, a posse dos nove integrantes da Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, nos jardins do Palácio do Campo das Princesas. O grupo vai investigar denúncias de torturas, sequestros e mortes de pernambucanos no regime militar (1964-85) e no Estado Novo (1937-46). Representando os familiares das vítimas da repressão, dona Elzita Santa Cruz, 98 anos, mãe do estudante Fernando Santa Cruz – desaparecido em fevereiro de 1984 – recitou um poema e reafirmou sua esperança de obter informações sobre o que houve com seu filho, mesmo após 22 anos de busca. Suas palavras arrancaram lágrimas de muitos dos presentes, inclusive do governador Eduardo Campos (PSB), anfitrião do encontro. Os ex-governadores foram convidados, mas só Jarbas Vasconcelos (PMDB) compareceu.
Diante de uma platéia que reuniu dezenas de familiares das vítimas, ex-militantes, autoridades na área de direitos humanos e políticos de várias tendências, o governador iniciou seu discurso com uma frase do bispo Desmond Tutu, presidente da Comissão da Verdade da África do Sul, que investigou os crimes do apartheid: “A verdade cura. Às vezes arde, mas cura”. Ele ressaltou que cabe à comissão “lançar luz sobre o chumbo dos porões” e, sob aplausos, homenageou o avô, ex-governador Miguel Arraes, deposto e exilado pelos militares em 1964. “Com ele (Arraes) aprendi os valores democráticos, aprendi a não guardar mágoas e rancores, aprendi a resistir e acreditar no povo e no futuro do País”, disse.
Antes de Eduardo, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) – que coordena a Subcomissão Parlamentar de Acompanhamento da Comissão da Verdade na Câmara – fez críticas à atual Lei da Anistia, que perdoou ex-militantes mas também isentou agentes da repressão, impedindo que sejam julgados pelos crimes cometidos. “Depois de tantos anos, ainda não temos uma lei de anistia como a de outros países, que anistiou apenas as vítimas”, atacou, cobrando do Judiciário que, de posse dos relatórios das comissões da verdade, processe e puna os responsáveis pelas torturas e mortes. “A ferida continua aberta e sangrando enquanto não for limpa. Esse é o momento”, bradou.
Representante da Comissão Nacional da Verdade – instalada em Brasília no início do mês pela presidente Dilma Rousseff (PT) – o advogado pernambucano José Paulo Cavalcanti citou comissões já existentes em outros países, começando por Uganda, em 1974, e informou que a do Brasil é a 41ª a ser instalada. Em seguida, elogiou a presença dos adversários Eduardo e Jarbas na solenidade como “prova de maturidade que Pernambuco dá ao País”.
Escolhido coordenador da comissão, o advogado e ex-deputado federal Fernando Coelho discursou em nome dos demais integrantes (veja os nomes na página ao lado), assegurando a disposição do grupo de investigar a fundo todos os casos recebidos. “A história do Brasil vinha sendo muito mal contada. Há mentiras que têm sido ditas como verdades. São embustes que precisamos esclarecer”, disse.
O coordenador marcou a primeira reunião de trabalho da comissão para a próxima segunda-feira (04), às 17h, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), quando serão definidas as atribuições de cada integrante, além de questões de infraestrutura e o calendário das reuniões. O prazo para conclusão dos trabalhos é de dois anos, prorrogáveis por mais dois.
Diante de uma platéia que reuniu dezenas de familiares das vítimas, ex-militantes, autoridades na área de direitos humanos e políticos de várias tendências, o governador iniciou seu discurso com uma frase do bispo Desmond Tutu, presidente da Comissão da Verdade da África do Sul, que investigou os crimes do apartheid: “A verdade cura. Às vezes arde, mas cura”. Ele ressaltou que cabe à comissão “lançar luz sobre o chumbo dos porões” e, sob aplausos, homenageou o avô, ex-governador Miguel Arraes, deposto e exilado pelos militares em 1964. “Com ele (Arraes) aprendi os valores democráticos, aprendi a não guardar mágoas e rancores, aprendi a resistir e acreditar no povo e no futuro do País”, disse.
Antes de Eduardo, a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP) – que coordena a Subcomissão Parlamentar de Acompanhamento da Comissão da Verdade na Câmara – fez críticas à atual Lei da Anistia, que perdoou ex-militantes mas também isentou agentes da repressão, impedindo que sejam julgados pelos crimes cometidos. “Depois de tantos anos, ainda não temos uma lei de anistia como a de outros países, que anistiou apenas as vítimas”, atacou, cobrando do Judiciário que, de posse dos relatórios das comissões da verdade, processe e puna os responsáveis pelas torturas e mortes. “A ferida continua aberta e sangrando enquanto não for limpa. Esse é o momento”, bradou.
Representante da Comissão Nacional da Verdade – instalada em Brasília no início do mês pela presidente Dilma Rousseff (PT) – o advogado pernambucano José Paulo Cavalcanti citou comissões já existentes em outros países, começando por Uganda, em 1974, e informou que a do Brasil é a 41ª a ser instalada. Em seguida, elogiou a presença dos adversários Eduardo e Jarbas na solenidade como “prova de maturidade que Pernambuco dá ao País”.
Escolhido coordenador da comissão, o advogado e ex-deputado federal Fernando Coelho discursou em nome dos demais integrantes (veja os nomes na página ao lado), assegurando a disposição do grupo de investigar a fundo todos os casos recebidos. “A história do Brasil vinha sendo muito mal contada. Há mentiras que têm sido ditas como verdades. São embustes que precisamos esclarecer”, disse.
O coordenador marcou a primeira reunião de trabalho da comissão para a próxima segunda-feira (04), às 17h, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), quando serão definidas as atribuições de cada integrante, além de questões de infraestrutura e o calendário das reuniões. O prazo para conclusão dos trabalhos é de dois anos, prorrogáveis por mais dois.
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