Crítica, revolta e desprezo. Essas foram algumas das reações de ex-militantes de esquerda e familiares de desaparecidos políticos vítimas da ditadura militar diante da entrevista concedida na segunda-feira à noite pelo Cabo Anselmo ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Para alguns, ele não trouxe qualquer novidade. Para outros, porém, o ex-marinheiro – que se notabilizou como agente duplo e entregou vários militantes – fez um reconhecimento de culpa ao se vincular a figuras de comando da repressão, como os ex-delegados Romeu Tuma e Sérgio Paranhos Fleury.
“Ele continua com a mesma cara-de-pau. Mas foi importante ter admitido que era um infiltrado, quando citou os delegados Tuma e Fleury”, atacou o presidente do Centro Manoel Lisboa, Edval Nunes Cajá, ex-preso político. Ele lembrou que, na entrevista, o ex-militar afirmou não haver provas de que sua companheira, Soledad Viedma – morta pela ditadura em uma emboscada armada pelo próprio Anselmo – estaria grávida. “Algumas pessoas estiveram no local e viram o feto”, reagiu Cajá.
Para a secretária de Direitos Humanos do Recife, Amparo Araújo, a entrevista serviu apenas para “colocar um traidor na mídia”. Amparo – que teve o irmão Luís Almeida Araújo entregue à repressão pelo Cabo Anselmo – classificou a reaparição dele como “oportunista”, lembrando que está prevista a apreciação, pelo Senado, do projeto que cria a Comissão da Verdade, encarregada de investigar crimes cometidos durante a ditadura. “A TV Cultura quis pegar esse mote. Só isso”, resumiu Amparo.
Mas para o integrante do Comitê Estadual Memória, Verdade e Justiça, vereador de Olinda Marcelo Santa Cruz (PT), o que houve na entrevista foi “uma demonstração explícita de cinismo”. Segundo Marcelo – que também teve o irmão, Fernando, desaparecido durante a ditadura – o Cabo Anselmo quer ver aprovado na Comissão de Anistia o pedido de indenização que encaminhou, alegando ter sido expulso da Marinha. “Isso é um acinte à história, uma petulância. Ele não foi perseguido, foi perseguidor”.
Da mesma forma, o coordenador do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Manoel Moraes, questionou o “oportunismo” do Cabo Anselmo, que se disse disposto a colaborar com a Comissão da Verdade, embora com a condição de o grupo ser composto por pessoas da direita e da esquerda. “Por que ele não colaborou antes, revelando fatos novos? Por que só agora? Ele representa o substrato de um período do Estado terrorista e foi ressuscitado para tentar desmerecer a luta pela verdade e justiça”.
Fonte: Jornal do Commercio / Caderno de Política / 19/10/2011
“Ele continua com a mesma cara-de-pau. Mas foi importante ter admitido que era um infiltrado, quando citou os delegados Tuma e Fleury”, atacou o presidente do Centro Manoel Lisboa, Edval Nunes Cajá, ex-preso político. Ele lembrou que, na entrevista, o ex-militar afirmou não haver provas de que sua companheira, Soledad Viedma – morta pela ditadura em uma emboscada armada pelo próprio Anselmo – estaria grávida. “Algumas pessoas estiveram no local e viram o feto”, reagiu Cajá.
Para a secretária de Direitos Humanos do Recife, Amparo Araújo, a entrevista serviu apenas para “colocar um traidor na mídia”. Amparo – que teve o irmão Luís Almeida Araújo entregue à repressão pelo Cabo Anselmo – classificou a reaparição dele como “oportunista”, lembrando que está prevista a apreciação, pelo Senado, do projeto que cria a Comissão da Verdade, encarregada de investigar crimes cometidos durante a ditadura. “A TV Cultura quis pegar esse mote. Só isso”, resumiu Amparo.
Mas para o integrante do Comitê Estadual Memória, Verdade e Justiça, vereador de Olinda Marcelo Santa Cruz (PT), o que houve na entrevista foi “uma demonstração explícita de cinismo”. Segundo Marcelo – que também teve o irmão, Fernando, desaparecido durante a ditadura – o Cabo Anselmo quer ver aprovado na Comissão de Anistia o pedido de indenização que encaminhou, alegando ter sido expulso da Marinha. “Isso é um acinte à história, uma petulância. Ele não foi perseguido, foi perseguidor”.
Da mesma forma, o coordenador do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Manoel Moraes, questionou o “oportunismo” do Cabo Anselmo, que se disse disposto a colaborar com a Comissão da Verdade, embora com a condição de o grupo ser composto por pessoas da direita e da esquerda. “Por que ele não colaborou antes, revelando fatos novos? Por que só agora? Ele representa o substrato de um período do Estado terrorista e foi ressuscitado para tentar desmerecer a luta pela verdade e justiça”.
Fonte: Jornal do Commercio / Caderno de Política / 19/10/2011
3 comentários:
A grande Dra. Mércia Cavalcante viu os cadáveres, o do feto e o da mãe...
Digo, Mércia Albuquerque.
A ditadura militar cometeu muitos crimes e o certo seria justiça em sua plenitude
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