Tenho pela família toda um apreço muito especial, tendo partilhado com eles alguns momentos dramáticos da minha vida. Particularmente por D. Zita, nutro um carinho semi filial, cujos reflexos se traduziram no poema que apresentei no evento e que aproveito para partilhar com vcs agora.
Em tempos de Comissão Nacional da Verdade, tem tudo a ver a história de D. Zita, mãe pernambucana que há mais de 37 anos espera a resposta à angustiante pergunta, que ainda lhe dilacera corpo e alma: "onde está meu filho?". Grande abraço... Chico de Assis
Elzita Santa Cruz
Chico de Assis
como Cristo carregou nos ombros
o símbolo do sofrimento.
E o conduz através dos tempos
com os olhos serenos
dos que não conhecem rancor
e fazem da revolta
apenas um clamor
de justiça.
Se há realce nesses olhos
aponta para o amor.
Se neles há angústia,
aponta para o desassossego
da procura por entre os becos da mentira
os desvarios da tortura
os escaninhos do ódio
com que foram obrigados a conviver
na luta pelo pontificado da verdade.
Esses olhos
irradiariam apenas a bondade.
Não fosse a fagulha
fratura exposta
que sem lhes tirar o brilho
conduz a firmeza que interroga:
“Onde está meu filho?”
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