quinta-feira, 30 de junho de 2011

Familiares criticam fala de Jobim - Marcelo Santa Cruz defendeu instauração de Comissão Nacional da Verdade



Familiares de desaparecidos no governo militar (1964-1985) e representantes de anistiados políticos classificaram, ontem, como “lamentável” a declaração do ministro da Defesa, Nelson Jobim, de que todos os papéis referentes ao período “desapareceram”. Segundo o ministro, o governo já levantou a existência dos documentos sobre o governo militar, mas eles teriam sido consumidos à epoca.

Para o presidente da Apap (Associação Pernambucana de Anistiados Políticos), Antônio de Campos, cabe ao Governo Federal buscar os responsáveis pela destruição dos documentos. Campos disse ainda que a informação dada pelo ministro Jobim foi uma “provocação em nome de alguns militares de Direita que estão na reserva ou ainda na ativa”.

“Estamos perdendo uma importante oportunidade histórica para passarmos a limpo nosso passado recente, mas como sempre acontece, os setores mais conservadores da sociedade brasileira se colocam contra qualquer esclarecimento do que se passou naquela época. Não é por acaso que o Brasil tem feito um dos piores processos de redemocratização de toda a América Latina”, afirmou Antônio de Campos.

O vereador Marcelo Santa Cruz (PT), irmão de Fernando, que militava no movimento estudantil durante o regime militar e está desaparecido desde 1974, disse que cabe agora ao Ministério da Defesa investigar quem foi o responsável por destruir os documentos da época. Para ele, a ausência da documentação dificulta o esclarecimento do que aconteceu e por isso existe a necessidade da instauração da Comissão Nacional da Verdade. “Já que não temos documentos, temos que correr atrás dos indícios para desvendarmos o que aconteceu”, disse Santa Cruz.

Amparo Araújo - cujo marido, Tomás, e o irmão, Luiz, desapareceram durante o regime militar - disse que a informação de que os documentos do período desapareceram não diminui as esperanças de saber o que aconteceu com eles. “A esperança não acaba nunca. Nunca vamos desistir. Mas quem sumiu com esses documentos tem que ser criminalizado”, disse Amparo, que participa hoje de audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, sobre a criação da Comissão da Verdade.


Fonte: Folha de PE - 29.06.2011

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